terça-feira, 23 de outubro de 2018

Outubro 18


Oi,
aqui estou, de volta,
melhor, muito melhor,
perto desse momento redentor
pressinto-o, as condições estão criadas
convergentes
para justificar todos este percurso.

Sim,
custou, passei as passas do Algarve
fui feliz, amiúde,
muito poucas vezes,
verdadeiramente duas ou três
sofri sempre dessa idealidade irreal
querer por querer, sem querer
hesitações, ansiedades, pânicos
bloqueios ancestrais,
dead ends.

Foi,
desgraças, infortúnios, reveses
normalidade da normalidade humana
necessidade dos que não controlam o tempo
nem o destino
navegar ao sabor da maré por falta de vontade
de pegar no leme.

Não,
não poderia terminar bem
nem pensar nisso,
cansado antes de começar a viagem
exausto de insegurança e descrença.

É,
relembra, agora, este instante de felicidade
esta acalmia, esta certeza
nada te apoquenta, nada queres, te falta ou consome
recorda,
aquela emoção religiosa,
o ruborescer dessa mulher,
o teu filho que te olha ao entrar na escola, como apenas ele o sabe fazer,
a mulher finalmente submissa
a estabilidade do emprego
a alegria da tua mãe, e a possibilidade,
sim, a possibilidade, de finalmente começares a escrever.

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Vila do Conde, Porto, Portugal
A beleza torna a tristeza suportável.

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