sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009


11.02.2009


Não havia ninguém naquela casa,

vazia, cheia de ar e de nada.

As cortinas esvoaçavam ao vento

o pó, delicadamente pousado nos móveis,

aguardava o pano redentor.

Um relógio, persistente,

anunciava a temporalidade,

periclitante e imparável,

uma marca de realismo num quadro de sonho.

Pois naquelas paredes, naquela alas, naqueles corredores,

perpassava, nos feixes de luz, nos objectos suspensos,

a marca indelével da vida, da fraternidade, do amor,

a força tremenda, tão subtil quanto imensa,

do acto contínuo do sexo dos amantes,

dos gritos das crianças,

do assado no forno a lenha,

da sesta veraneante,

todos esses traços estavam lá,

porque ausentes,

o que me encheu o coração,

tão vazio,

quanto a casa da porta aberta.




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A beleza torna a tristeza suportável.

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