11.02.2009
Não havia ninguém naquela casa,
vazia, cheia de ar e de nada.
As cortinas esvoaçavam ao vento
o pó, delicadamente pousado nos móveis,
aguardava o pano redentor.
Um relógio, persistente,
anunciava a temporalidade,
periclitante e imparável,
uma marca de realismo num quadro de sonho.
Pois naquelas paredes, naquela alas, naqueles corredores,
perpassava, nos feixes de luz, nos objectos suspensos,
a marca indelével da vida, da fraternidade, do amor,
a força tremenda, tão subtil quanto imensa,
do acto contínuo do sexo dos amantes,
dos gritos das crianças,
do assado no forno a lenha,
da sesta veraneante,
todos esses traços estavam lá,
porque ausentes,
o que me encheu o coração,
tão vazio,
quanto a casa da porta aberta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário