sábado, 20 de março de 2010

O migrante

Sem pátria, dor ou perdão
nada lhe resta
escondido na multidão
caminha cumprindo a sua missão,
deconhecida.


Sem amigos, sítio ou lar
para sempre estrangeiro
condenado à nascença,

Chegou sem anúncio, veio dalhures
nunca ninguém o viu
é estranho, suspeito, forasteiro, passageiro, transeunte, nómada
nada sabe do mundo, nem o mundo o conhece
ali, onde ele agora semeia.

Não quer olhar para trás, para os que ficaram,
apenas guarda as deturpadas memórias
pinceladas no seu coração.

Sempre alerta, desconfiado, apagado, anónimo,
escravo de quem o quiser,
em troca da migalha, desprezada pelo cidadão de lei.
Ele é o migrante,
tem

É
Apenas lhe resta agradecer.
máscara deambulante
sem linguagem ou sotaque,
não tem dinheiro ou saber
nem fleuma a vender.
apneia de ter.
numa mão uma mala de sonhos
na outra, estendida à clemência,
a decência.

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Vila do Conde, Porto, Portugal
A beleza torna a tristeza suportável.

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