sábado, 5 de julho de 2014

Julho


A meio do ano,
quando o sol, suspenso no centro do céu,
inunda todos os lugares e recantos
afastando sombras, penumbras e carcomidas humidades,

quando o sol, o astro rei,
domina todos os elementos, e a terra, e eu,

e o tempo se imobiliza no presente,
vivemos-te, julho, finalmente.

Tanta espera, tanta demora, tantos anseios e receios,
tantos sonhos impossíveis, agora, aqui e em mim,
vencidos.

Que calma, que chilreante calma,
que verdura, que torpor, quantos aromas inebriantes,
são todos teus, julhos, apenas a ti te pertencem,
de natural direito,

Ou não fosses tu julho.

Pudesse eu ser-te, julho, prender-te no meu corpo,
e no meu horizonte,

tornarias indelével a marca da minha vida,
davas-lhe o sentido e a eternidade,
para que, um dia, quando eu chegasse ao fim,
pudesse partir contigo,
doravante um mês, um momento do devir,
banhando, ano após ano, os que cá ficaram,
os que, felizes e infelizes, realizam,
na carne, no corpo, no sabor dos sabores,
a tua paixão.

Pudesse eu ser-te, julho, prender-te na minha alma,
e na minha memória,

Seria, agora e para sempre, o mês dos meses,
o momento dos momentos.

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Vila do Conde, Porto, Portugal
A beleza torna a tristeza suportável.

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