Fevereiro
Aqui volto, de quando em quando,
como se o tempo não passasse,
no ecrã tudo é presente.
O tempo, agrilhoado no significado,
a tudo parece indiferente.
Fevereiro,
janeiro fora,
o amanhecer, a aurora, o prenúncio
de algo novo.
Fevereiro,
o mês suspenso.
Que me reservas, tu,
que tens para me mostrar,
onde me levas?
Limpa-se a borralha, recolhem-se as cinzas,
lentamente, desentorpecidos, despertam os sentidos,
é o fim da hibernação, da letargia e do recolhimento.
Pudesse eu viajar, a qualquer momento,
brincaria com as estações,
desafiaria o ciclo da vida,
alheio a crises, ao frio e a cogitações.
Detesto o frio.
Sorrio,
apago a vela de mais um aniversário.
Viajaria, sem dúvida, seguiria o sol, pensando nos que estão do outro lado,
contemplando o maravilhoso mundo,
o paraíso aqui e agora.
Nunca me sentiria só.
E eu, invisível, esquecer-me-ia de quem sou, faço,
sinto ou quero,
não me julgando desse modo.
Adoro-te sol, volta, finalmente.
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