sexta-feira, 20 de abril de 2012

Abril


 
Livrei-me,
finalmente,
daquele livro longo e ensonso,
do pó de um inverno anormalmente árido,
do medo de encarar as minhas tristezas,
de um mês de março que não o foi,
dos sapatos tortos e húmidos,
da necessidade de não ser eu mesmo, ou de o ser,
dos trinta anos que nunca tive,
de tornar pessoal o meu sofrimento,
do frio,
da penumbra,
 do clausura de um inverno interminável,
do receio de não conseguir viver e de pensarem mal de mim.

Abril,
saúdo-te,
romântico na tua revolução,
mês da ressureição,
da Queima do Judas,
de uma jornada sem noite,
da chuva soalheira,
da escrita e da leitura,
do romantismo,
 da concepção, geminação, fertilidade e implantação,
és o mês da retaliação.

Abril,
que força!
Sirvo-te diligente, sou teu,
és "a" de agosto, e contas,
não és mês por conta de outrém.
 
Traz-te a inevitável transladação
o quadrado completa-se,
fecha-se o perímetro da incerteza,
escreve-se uma marca, marca-se um golo, já tão perto do fim,
é o melhor de todos,
e não é tudo assim?



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Vila do Conde, Porto, Portugal
A beleza torna a tristeza suportável.

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